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Diploma para jornalista

Publicado em 16/10/2006
por Developer Unifagoc

A matéria apresentada para discussão no plenário do Congresso Nacional, regulamentando o exercício da profissão de jornalista, adiada para após as eleições, basicamente propõe restrições àqueles não portadores do diploma.

Regulamentada há mais de 30 anos, aqui em nosso País, essa profissão tem, como um dos pontos mais polêmicos, a determinação da exigência de seu ensino em escolas fora do ambiente do jornal, complementando-se como, aliás, todas as demais tradicionais carreiras de caráter universitário, com o estágio obrigatório na última etapa de conclusão dos seus cursos.

É possível que o fator da proximidade das matérias publicadas, sejam elas quais forem, e suas repercussões na maioria a sociedade onde o veículo circula façam com que haja uma identificação e conseqüente necessidade de emitir uma opinião, obrigando aos jornais a abrir mais espaço para seu público leitor, assegurando-lhes o dispositivo do Art. 5º da Constituição no seu inciso IX: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”

Sendo consensual que o ensino previamente ministrado numa escola, onde se pressupõe direcionada para qualquer dos ramos dos exercícios profissionais, sejam eles técnicos ou científicos, qualifica e enriquece, dependendo de fatores como de aptidão e vocacionais para o futuro pleno sucesso do candidato, além do exercício e de sua prática nos estágios obrigatórios, ao lado de bons mestres e supervisores, para que obtenham o pleno êxito e sucesso em seus ofícios.

As escolas de jornalismo têm por objetivo oferecer um currículo rico e abrangente em todas as áreas do conhecimento, e essa foi a essência do pensamento de Joseph Pulitzer, que fundou no princípio do século passado, em Nova Iorque, nos EUA, a primeira escola superior de jornalismo, na Universidade de Colúmbia, cujo funcionamento data de 1912.
Apregoou a necessidade da qualificação, que tinha por finalidade “a formação de melhores jornalistas, os quais certamente farão melhores jornais””, que por sua vez impressionarão melhor o público.

Difundida a importância do ensino de jornalismo na América, desde 1918 a carreira foi equiparada às demais profissões. Na década de 1930 as faculdades de jornalismo funcionavam regularmente em 13 universidades norte-americanas. Na Europa há escolas na Itália, França, Inglaterra e Alemanha. Data de 1926 a Escola de Jornalismo da Espanha. Na América do Sul, a primeira escola de jornalismo, na Argentina, é de 1935, funcionando na universidade da cidade de La Plata. Já Instituto de Jornalismo da Universidade de Tucumán foi criado desde 1949.

Em nosso País, como precursores, além da PUC no Rio de Janeiro, como as suas congêneres no Rio Grande do Sul e em São Paulo, o curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco foi fundado em 1960 graças ao empenho do então reitor padre Mosca de Carvalho e a iniciativa do jornalista Luiz Beltrão, depois também fundador, em 1966, do curso da Universidade de Brasília.

Diplomou sua primeira turma de bacharéis em 1963, antes, portanto da regulamentação da profissão, e já em 1964/5, foi um de seus alunos José Marques de Melo, que, com uma matéria sobre os velhos trens maria-fumaça, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, o mais importante concurso até então instituído em caráter nacional. A eficácia desses cursos aqui em nosso País é indiscutível, mensurando-se pelo tratamento da informação.

Ao público, portanto, cabe formar a sua opinião da melhoria ou não da qualidade no tratamento das matérias veiculadas pela imprensa, desde a exigência e regulamentação da formação de jornalistas, para o exercício da profissão, pois, ainda segundo o ícone do jornalismo mundial, Joseph Pulitzer, “a grande diferença consiste na maneira de observar a realidade”.

Divaldo Pereira de Lyra

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