UNIFAGOC

Espanhol visita sala de aula e rádio da FAGOC

Publicado em 29/03/2006
por Developer Unifagoc

O espanhol Pablo Martín visitou a sala do 4º período de Comunicação Social/Jornalismo, no dia 20 de março, durante a aula da disciplina de Ciência Política. Ele falou a respeito dos direitos humanos e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Logo após o debate com os alunos, o espanhol foi até o laboratório de rádio Ari Barroso, onde foi entrevistado pelo aluno de Jornalismo, Antônio César, durante o intervalo das aulas.

Pablo Martín deixou a Espanha, exclusivamente, para conhecer o trabalho do MST (Movimento dos Sem Terra). Chegou ao Brasil no mês de novembro do ano passado e, atualmente, vive junto com 34 famílias integradas ao movimento, no assentamento Olga Benário, na fazenda Santa Helena, em Visconde do Rio Branco. Já viveu em outros assentamentos em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul.

Ele vai retornar ao seu país neste mês e produziu, com o aluno de Jornalismo da FAGOC, Jacinto Batalha, um documentário sobre seu dia-a-dia no assentamento Olga Benário. Os trabalhadores rurais sem-terra também participam falando do significado do MST. Pablo Martín ressalta: “É o movimento visto de dentro da sua própria comunidade”. O documentário será exibido na cidade de Cáceres, na Espanha e vai haver uma segunda mostra em um festival sobre o Brasil, também naquele país.

Para ele, “a experiência é importante porque está aprendendo sobre o funcionamento do MST, descobrindo como é a realidade dessas pessoas e, principalmente, descobrindo se tudo o que via no outro lado do oceano, era verdade”.

O espanhol vive com os integrantes do movimento dentro do assentamento, partilhando inclusive das dificuldades: “o momento duro não é a conquista da terra. Mas sim as condições de vida. Você passa mais de um ano morando debaixo de uma lona, enfrentando calor e chuva. As decisões têm que ser tomadas para o bem coletivo”.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais sem-terra, Pablo Martín, acredita no movimento: “a política do MST é muito eficiente. Eles forçam a máquina do Estado a cumprir com sua obrigação. Desejam o cumprimento das leis, que proporcionam saúde, educação e alimentação a todos. O movimento é o único que obriga o Estado, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a oferecer terra a quem necessita”. Segundo o espanhol, “o INCRA faz um trabalho muito lento. É preciso pressionar e agilizar as questões relativas à terra, para que elas funcionem”.

No dia 17 de abril de 2006, o massacre de Eldorado dos Carajás, completa 10 anos. O confronto entre os trabalhadores rurais sem-terra e a polícia militar rendeu 19 mortes e 81 feridos. Pablo Martín reflete sobre o caso: “há uma história de confronto entre a polícia e os sem-terra. Agora, quando há a ordem de despejo, os trabalhadores deixam as terras voluntariamente. Muitas mortes também se devem a jagunços, mandados pelos proprietários de terra. O que revolta é a impunidade entre eles”.

O espanhol enfatiza o problema da reforma agrária no Brasil: “o primeiro problema dos países da América Latina é a reforma agrária, porque o homem pobre não tem direito a ter seu pedaço de terra. No Brasil, ela não é eficiente porque é feita de maneira muito devagar. O presidente Lula disse que iria assentar quatrocentas mil famílias se ganhasse as eleições para presidente. Agora ele tem que cumprir suas promessas”.

Sêmia Mauad – 7º período de Jornalismo