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Fotojornalismo – vida por trás das lentes.
Publicado em 26/10/2006
por Developer Unifagoc
Um dos nomes mais importantes no cenário do fotojornalismo é o de Marcelo Liso (foto). Com 31 anos e nove de carreira, Marcelo Liso já trabalhou em veículos de grande importância na imprensa brasileira, como nos jornais Agora São Paulo, Diário de São Paulo, Folha, e nas revistas Isto-É Gente, Show Bizz e Chiques e Famosos.
Hoje, Marcelo é contratado pela Editora Globo (Revista Quem) e freela para o Estadão. Recentemente fez uma exposição individual “”Profissão Paparazzo”, onde expôs os flagras de artistas sem maquiagem.
Recebeu o prêmio de Melhor Fotografia do Diário de São Paulo e sua capa com os assassinos do casal Liana e Felipe foi uma das mais vendidas da história do jornal e está no livro com as melhores capas do Diário em 100 anos.
Com exceção do fotógrafo Paulo Witaker da Reuters, Marcelo foi o único a conseguir fotos do casamento de Doda com Athina Onassis.
Quem quiser conferir um pouco mais sobre o trabalho de Marcelo Liso é só acessar o site www.afbpress.com.br .
Agora você confere um bate-papo do fotógrafo com a aluna do 4.º período de Comunicação Social, Rafaela Namorato.
ANF: Quando surgiu a vontade de ser fotógrafo?
Marcelo Liso: Há muito tempo queria ser músico, tocar guitarra. Cheguei até a comprar umas guitarras mas acabei trocando por equipamento fotográfico, sou um músico frustrado. Fui a um show e fiquei impressionado com a variedade de luz no palco e me interessei por fotos de shows. Comecei então a fotografar shows, montei um site, que por sinal não existe mais, onde colocava minhas fotos e acabei chamando a atenção de uma grande revista, a Show Bizz, que viu meu trabalho e a partir dai começou a me pautar.
ANF: E qual foi seu primeiro “”click”” para a revista?
Marcelo Liso: Foi do show do Mark Knopfler do Dire Straits. Nessa época os trabalhos eram feitos no Cromo, não tinha digital.
ANF: E você fez algum curso de especialização em fotografia quando descobriu esse dom?
Marcelo Liso: Vale destacar que nunca fiz curso, sou autodidata, tudo que aprendi foi com amigos na raça. Cursos eram caros e não tinha grana. Nesta época ainda não cursava faculdade, fui cursar Jornalismo depois mas não terminei, fiz dois anos, e na época estava na Isto-é Gente e eu não tinha mais tempo. Mas sou registrado no sindicato, tenho FENAJ como repórter fotográfico, tudo bonitinho.
ANF: Você tem algum outro trabalho paralelo ao de fotógrafo?
Marcelo Liso: Não, vivo única e exclusivamente da fotografia.
ANF: Como surgiu o convite para trabalhar como correspondente da Brainpix no Brasil?
Marcelo Liso: Conhecia o Vavá da editora Símbolo, e quando ele saiu de lá para montar a agência ele me chamou. Desde então eu mando fotos para eles. Interrompi o trabalho uma vez, eles estavam com a parte logística muito enrolada e voltei agora a trabalhar com eles. Agora dizem que vão trabalhar direitinho, sem stress.
ANF: Qual foi a situação mais inusitada que você viveu em seus anos de carreira?
Marcelo Liso: A situação mais engraçada foi quando tive que passar por um empresário do Mato Grosso para entrar em um prédio na Faria Lima e fotografar a fachada de um banco de investimentos do caso “”valerioduto””. Fui de terno e tudo (risos)
ANF: Mas ninguém desconfiou de nada?
Marcelo Liso: Não. Era um prédio que não recebia ninguém em nenhum dos escritórios, complicado. Temos que ter jogo de cintura e uma malicia que só brasileiro tem.
ANF: A publicação das fotos te trouxe algum tipo de problema?
Marcelo Liso: Não, de maneira nenhuma. Até porque trabalho para uma empresa que me dá todo o suporte necessário.
ANF: Marcelo, você é bem conhecido, pela exclusividade das suas fotos. Como você se relaciona com suas fontes?
Marcelo Liso: Trato minhas fontes com respeito e sigilo. É uma via de mão dupla.
ANF: Alguma dessas fontes já te passou informações erradas? Digamos, que não condiziam com a verdade?
Marcelo Liso: Olha, nunca aconteceu isso e tudo é comprovado através das minhas fotos. Quando não tenho certeza nem canto a bola para a redação. Podemos errar e o trabalho de jornalista é este, checar a veracidade dos fatos.
ANF: Você Marcelo, se considera um paparazzo ou um fotojornalista?
Marcelo Liso: Fotojornalista, porque paparazzo não seria jornalismo. Vou contar uma historia: Quando a Marta Suplicy estava na Prefeitura de São Paulo, a Folha manchetou na capa “”Prefeitura dá calote no Estado”” e era mentira. A prefeitura tinha a opção de pagar parcelado e a vista e resolveu pagar parcelado não deu calote. Agora o que é mais jornalismo, isso ou a foto de um casal na capa da Quem??? Ou a barriga da imprensa no caso da Escola Base??? Você faz jornalismo ate em revista de gastronomia, de carros. Posso ser o maior fotógrafo, ter um mega equipamento, mas se a foto não for publicada posso ser tudo menos fotojornalista. As matérias de celebridades são investigadas a exaustão, não é fácil. A foto vem comprovar.
A People americana, por exemplo, vende 3 milhões de exemplares por semana. A coluna mais lida na Folha é a da Mônica Bígamo, a do Estadão é a do César Giobi, da Veja é a Gente… e os jornais e revistas ditas como sérias copiam nossas matérias. Fora isso às vezes acho estes grandes jornais mais jornaleiros que jornalistas.
ANF: Voltando um pouco nos casos inusitados, você foi vítima de um “ataque” do cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, um dia antes do casamento dele com grega Athina Onassis. Esse também não seria um fato inusitado?
Marcelo Liso: Ah sim!!! O cara surtou e jogou o carro dele para cima do nosso quando eu estava sentado na janela fotografando o casal, um dia antes do casamento. Virou a noticia mais quente do dia.
ANF: Rendeu até entrevista no Fantástico na Rede Globo, não é?
Marcelo Liso: Sim é verdade, e foi através desta entrevista que conseguimos uma carona no Globocop para fazer o casamento de cima pois em terra tava lacrado. Apesar de ser a mesma empresa não existe uma parceria TV e Editora.
ANF: Você já sofreu algum outro tipo de violência?
Marcelo Liso: Sim, já sofri, mas nada muito sério.
ANF: E sobre sua exposição, “Profissão: Paparazzo”. O que você tem a dizer?
Marcelo Liso: Foi muito bacana, a primeira do Brasil com o tema, teve uma repercussão muito positiva e futuramente vou lançar um livro. Esta exposição me deu uma visibilidade maior e valorizou o meu trabalho, e mostrando que não somos assassinos como ficamos rotulados no caso Diana.
ANF: Você teve alguma noticia das celebridades flagradas por você sobre a reação delas com a exposição?
Marcelo Liso: Algumas mandaram os parabéns, a Galisteu ao ficar sabendo me convidou para ir ao programa dela.
ANF: E a resposta foi?
Marcelo Liso: Sim, fui, claro! (risos)
ANF: Você falou sobre o caso Diana. Esse caso ficou marcado na profissão, como você bem disse vocês foram rotulados como assassinos. O que você tem a dizer sobre isso?
Marcelo Liso: Esse caso foi uma fatalidade provocada por um motorista comprovadamente bêbado e chapado de remédios. Todos os fotógrafos foram absolvidos e o pai do Dody acredita em conspiração da coroa para matar Diana. Acharam recentemente uma grana preta na conta do motorista que não morreu. E de onde veio esta grana? Ela foi a pessoa mais fotografada do mundo, já estava acostumada ao assédio. É engraçado, quando o cara está na Malhação ele faz tudo para aparecer ai ele vai para a novela das oito e vira um porre.
ANF: Por falar nisso, sei que essa possa ser uma pergunta bem complexa, mas para você qual é a melhor celebridade para se fotografar, que representa uma facilidade maior aos flashes? E qual talvez seria a pior , a mais “estrela”?
Marcelo Liso: Olha, a Galisteu nunca deu problema. Agora o Fabio Assunção chega até a chamar a policia (risos). Naomi Campbel é difícil. O Ronaldo (Fenômeno) é tranqüilo.
ANF: Existe alguma mensagem que você gostaria e poderia deixar para os futuros profissionais que venham a ler esse nosso bate papo?
Marcelo Liso: Sim, é ter paciência e persistir no sonho. Fora isso batalhe por uma profissão digna, não trabalhe por crédito, crédito não paga conta no supermercado. Digo isso porque muitos aceitam trabalhar de graça achando que estão fazendo um portfolio e estão atirando no próprio pé. Para quem vai procurar trabalho, é bem diferente você chegar em uma redação pedindo trabalho e você chegar com uma matéria pronta e oferecer. Vão olhar você com outros olhos e abrir as portas. “”Na dúvida, faça jornalismo”” já dizia um sábio jornalista. E é isso ai!
Rafaela Norato – 4° Periodo de Jornalismo
rafaela.namorato@gmail.com