UNIFAGOC
Inclusão social na universidade é tema de debate
Publicado em 27/11/2006
por Developer Unifagoc
Educação explica de forma mais completa as diferenças sociais entre negros,
pardos e brancos e o acesso a ensino de qualidade influi mais que cor da
pele no processo de ascensão social. Segundo Ministério do Planejamento,
apenas 5% das desigualdades são determinadas pela raça. Ao divulgar ontem
essas informações, na abertura do “”Seminário universidade e inclusão social:
experiência e imaginação””, promovido pela UFMG, o presidente do Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) e ex-presidente do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sociólogo Simon Schwartzman,
foi alvo de divergências entre os participantes.
Simon Schwartzman afirma que o estudo, desenvolvido pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), fundação vinculada ao governo federal,
combinou diversos fatores para chegar à essa conclusão. Primeiro, foi
analisada, estatisticamente, a variação de renda entre pessoas de mesma cor,
mas com trajetórias escolares diferentes. No segundo momento, foi medida a
diferença salarial entre pessoas negras, pardas e brancas com mesmo grau de
instrução. “”No primeiro grupo, as diferenças são imensas. Já no segundo,
também há variações, mas muito menos significativas””, diz. O seminário
pretende levantar, até sexta-feira, políticas inclusivas de não-brancos,
pobres e egressos da rede pública de ensino na UFMG.
O levantamento apresentado pelo sociólogo contradiz divulgação recente do
IBGE, também da administração federal, pela qual, quanto mais anos de
ensino, maiores são as diferenças entre pretos e brancos. Conforme a
pesquisa, quando os dois grupos raciais têm até um ano de estudo, a
diferença salarial é da ordem de 15%. Já no cenário no qual ambos passaram
11 anos ou mais na escola, a variação de renda salta para 92%.
Para o
ex-presidente do IBGE, houve manipulação nos dados. “”O instituto não
publicou a pesquisa inteira, não mostrou a correlação dos fatores e não
permitiu visualizar o que está associado à informação. Foi privilegiado um
aspecto por ser Dia da Consciência Negra””, critica.
SEM RECURSOS
Quanto ao aumento do número de matrículas no terceiro grau,
Simon Schwartzman trouxe dados positivos para o debate, levantados pela
Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) de 2001 e 2005, do IBGE.
Os estudos apontam que houve aumento de inscrições de não-brancos nesse
período da ordem de 87,1% e de pessoas com renda entre um e três salários
mínimos de 67,2%. Já nas faculdades e universidades mantidas pelo estado, o
aumento das matrículas feitas por não-brancos foi de 21,4%. “”O sistema
privado tem crescido muito e está incorporando pessoas que antes não tinham
chance de chegar ao ensino superior, mas essa inclusão não implica em
permanência””, ressalta.
Coordenadora de graduação da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg),
Cristiana Fonseca, concorda com o sociólogo. “”Já usamos cotas na
instituição, mas vejo que não resolvemos o problema, porque não temos
recursos para manter afrodescendentes carentes, egressos da rede pública,
pobres, portadores de deficiência e indígenas. Os recursos que nos foram
prometidos não foram repassados””, reclamou.
O sociólogo é contrário à política de cotas nas universidades. “”Essa
alternativa de inclusão não corrige as distorções. Precisamos mirar os
pobres que não tiveram acesso à educação básica de qualidade e não as
raças””, defende.
www.universia.com.br
