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Jornalistas famosos: reconhecidos sim, mas são celebridades?
Publicado em 16/10/2006
por Developer Unifagoc
Enquanto boa parcela da profissão se dedica a cobrir celebridades e alimentar o ciclo que gera fama e reconhecimento, alguns profissionais se encontram na outra ponta da corrente e não podem sair de casa sem serem reconhecidos.
Tarefa praticamente impossível para qualquer um que não trabalha na televisão, um pequeno grupo de jornalistas é alvo de assédio por parte da população e até mesmo distribui autógrafos vez ou outra. Mas são eles celebridades?
“Famoso, querido, é o Chico Buarque, todo mundo gostaria que ele fosse jantar em sua casa. O Cid Moreira talvez seja mais conhecido, mas não é tão querido”, diz Juca Kfouri, que garante que não é e nem nunca quis ser celebridade. “Se houvesse uma lei no Brasil que obrigasse os caixas a trabalhar com a cara no vídeo, eles também seriam reconhecidos na rua. É o meu caso, eu sou reconhecido permanentemente porque trabalhei no vídeo”, disse.
Outro que garante não ser uma celebridade é Mauricio Kubrusly. “De jeito nenhum. Quem é famoso é artista de novela, esses não podem andar na rua (…), jornalistas não chegam a isso, não”. Após seu trabalho no quadro Me Leva Brasil, do Fantástico, da Rede Globo, Kubrusly reconhece que o número de pessoas que o abordam na rua aumentou muito, principalmente entre a população mais carente. “O cara vem lá do interior do Piauí para morar em São Paulo e para as pessoas da metrópole a cidade dele não existe, é só um nome. Aí chega um dia e aparece a tal cidade na TV e ele se reconhece ali (…). Essas pessoas falam muito comigo, um pouco agradecidas, um pouco comentando e sugerindo”, garante o repórter.
A apresentadora da Record Maria Cândida também é recorrentemente reconhecida nas ruas. A jornalista teve sua gravidez televisionada passo-a-passo e, após o nascimento de Lara, começou a ser abordada com perguntas sobre a menina. “A partir do momento que você apresenta um programa em rede nacional, por dez anos na televisão, as pessoas acompanham sua vida. Você se torna parte da vida delas. É esse tipo de famosa que eu me considero”, afirmou Maria Cândida.
O contato é humano
Mauricio Kubrusly tem opinião semelhante sobre o contato entre telespectadores e jornalistas. “Você está num bar, tomando um café, e chega alguém já te cumprimentando, conversando contigo como se tivesse falado com você ontem. É muito comum também uma pessoa na rua dizer ‘Ô Mauricio, tudo bom?’ e pronto, nada mais”, aponta Kubrusly. Ele afirma que esse tipo de contato é uma fonte riquíssima de informações para seu trabalho e garante que sempre estará disposto a conversar com seu público, seja onde for.
Porém muitas vezes esse público passa dos limites do bom senso. Juca Kfouri aponta que com uma certa freqüência recebe tapinhas no ombro de uma forma invasiva, normalmente seguidos de colocações como “Pô corinthiano, não gostei do que você falou…”. Sylvio Luiz, locutor esportivo, diz que o pior caso é o de pessoas alcoolizadas que o abordam ou quando alguém pede para ele narrar novamente determinado gol de seu time, sendo que muitas vezes a mesma pessoa realiza as duas formas de invasão.
Enquanto cobria a festa de São João da cidade de Campina Grande, um fotógrafo de rua abordou Kubrusly e pediu a ele que posasse ao lado de algumas pessoas. Ele aceitou e, ao longo do dia, o fotógrafo se reaproximou diversas vezes, sempre com o mesmo pedido. O solícito Kubrusly aceitou todas as vezes, até o momento em que um casal o abordou, pedindo que não cobrasse pelas fotos porque eles não possuíam dinheiro.
O repórter replicou que não poderia fazer isso, que aquele era o ganha pão do fotógrafo. O casal, então, disse que pedia o abatimento da taxa de R$ 1,00, atribuída a Kubrusly pelo fotógrafo. O repórter, que nunca havia pedido dinheiro algum, encontrou o fotógrafo e foi tirar satisfações. Pediu que o homem encontrasse o casal que havia pedido desconto e posou para uma foto com eles, sem taxas adicionais.
Fonte: Portal Comunique-se
