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Mudanças no Ensino Superior à vista
Publicado em 04/12/2006
por Developer Unifagoc
Representantes de 57 Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil (IFES) e do Ministério da Educação (MEC) chegaram no fim de semana às primeiras definições relacionadas ao projeto Universidade Nova, discutido em um seminário em Salvador. O projeto propõe alterações no ingresso dos estudantes nas universidades federais e na estrutura curricular dos cursos superiores.
De acordo com o reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar Almeida Filho, um dos idealizadores do Universidade Nova, já é consenso, por exemplo, que os Bacharelados Interdisciplinares (BIs) – cursos de três anos em áreas como saúde, artes e humanidades – que os estudantes teriam de freqüentar antes de começar um curso superior de formação específica – como Direito, Medicina e Engenharia – passariam a ser aplicados a todos os estudantes de ensino superior.
“Apesar dessa definição, ainda não chegamos à conclusão de quantas serão essas grandes áreas do conhecimento. Partimos de quatro (ciências, humanidades, artes e tecnologia), mas há quem defenda até sete (as anteriores, acrescidas de saúde, ciências da natureza e ciências humanas e sociais)”, afirmou o reitor.
Hoje os estudantes freqüentam aulas focadas na carreira profissional escolhida desde o início do curso superior. Ao fim do curso – que dura de quatro a seis anos, em geral – o aluno recebe a certificação de conclusão de ensino superior e, em tese, está preparado para exercer a atividade cursada no mercado de trabalho.
Com a mudança, nos três primeiros anos de ensino superior, os estudantes freqüentariam Bacharelados Interdisciplinares (BIs). A partir do segundo ano do curso, os alunos teriam opções de disciplinas mais focadas na profissão de interesse, mas continuariam tendo de freqüentar as aulas gerais da área.
Após a conclusão do BI, o estudante receberia o diploma de bacharel na área de conhecimento escolhida e poderia optar por fazer complementação profissionalizante (estima-se que dure de um a dois anos), bacharelado ou licenciatura em uma disciplina específica, como Física, Matemática ou História (mais um ou dois anos) ou uma pós-graduação na área de interesse.
Uma primeira experiência com os BIs já vem sendo feita no Brasil, desde setembro, na Universidade Federal do ABC (UFABC). “São 1.500 alunos que estão freqüentando o curso de tecnologia”, conta o reitor Hermano Ferreira Tavares. “Depois dos três anos, eles terão diploma de curso superior e poderão optar por cursos profissionalizantes de dois anos em oito áreas de engenharia, também disponíveis na instituição”.
Fim do vestibular
De acordo com Almeida Filho, também ficou estabelecido no seminário que o vestibular, como é aplicado hoje, seria descartado na Universidade Nova. “Como prevemos dobrar a capacidade de estudantes das universidades com a reforma, existe a possibilidade de adotarmos mesmo o Enem como processo seletivo, desde que fossem feitas algumas alterações no exame”, afirma.
O reitor da UFBA acrescenta que representantes das instituições que adotarem os conceitos da Universidade Nova deveriam fazer parte do conselho para que o Enem fosse adotado como padrão de seleção unificado.
Um dos pontos controversos que não tiveram uma conclusão durante as reuniões foi o relativo à passagem dos estudantes dos BIs para os cursos profissionalizantes. Como não há previsão de ampliação de vagas nesses cursos, um novo modelo de seleção de alunos precisaria ser aprovado. “Vamos promover um segundo seminário para discutir os pontos em aberto, como este, entre março e abril, na Universidade de Brasília”, ressalta Almeida Filho. Segundo o reitor, porém, as primeiras definições e os pontos em discussão serão enviados nesta semana a todas as 57 Ifes, para que elas promovam discussões internas nas universidades acerca da Universidade Nova.
As idéias foram discutidas no 1º Seminário Nacional da Universidade Nova – Reestruturação da Arquitetura Acadêmica da Educação Superior no Brasil, realizado entre a quinta-feira e sábado em Salvador. No total, participaram das discussões 193 representantes das Ifes e do MEC.
Tribuna da Imprensa
