UNIFAGOC
Para quem está se despedindo da escola ou da faculdade, uma dica: manter as amizades é muito proveitoso para seu futuro, tanto na vida pessoal como pr
Publicado em 29/12/2006
por Developer Unifagoc
O ano praticamente acabou. É hora de dizer adeus a 2006 e brindar a chegada de 2007. Mas, para milhares de estudantes, a transição não será das mais felizes. Para quem conclui o 3º ano do ensino médio, o momento é de despedida e alívio. O medo de perder o contato com os colegas que dividiram tantas aventuras se mistura à alegria de concluir uma importante etapa da vida. A universidade, objetivo de todos, parece mais próxima. E as comemorações (colação de grau e festa de formatura) aliviam a tristeza dos adolescentes.
Apesar de cada um seguir um caminho diferente a partir de agora, isso não significa que os amigos dessa época se perderão para sempre. É possível sim manter as amizades construídas durante tantos anos. Vale lembrar também que quem concluiu o ensino médio começa uma vida nova. Seja na universidade ou no cursinho. Aparecerão outros amigos e novos compromissos. As tarefas serão tantas que a saudade ficará menor. Diluída no dia-a-dia. Além disso, essa não será a única despedida da sua vida.
O sonho de todo universitário é ganhar o diploma. Ser um profissional e entrar no mercado de trabalho significa a vitória de tantos desafios impostos pelo ensino superior. Mas a formatura, mais uma vez, traz momentos de despedida. Provavelmente, daqueles 30 alunos que vibraram juntos no palco da colação de grau, poucos manterão contato e serão amigos para sempre. Porém, com iniciativa é possível continuar as amizades. Essas relações podem ser importantes para seu futuro, tanto pessoal quanto profissional.
Maria Júlia Ribeiro, psicóloga que mantém um grupo de pesquisa em relações interpessoais e habilidades sociais na Universidade de Taubaté (Unitau), defende a manutenção da rede de amigos. “A preservação dessas relações assegura uma rede sobre a qual podemos cair nos momentos de necessidade”, afirma. Na adolescência, as amizades têm grande significado emocional porque representam um vínculo com o passado. Já na fase adulta, as relações adquirem também uma nova dimensão: a profissional. “Os colegas ajudam a ampliar as oportunidades de trabalho e mostram os caminhos para se galgar novos postos”, comenta.
qPara Agnaldo Néri, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas e consultor de recursos humanos, as relações da faculdade formam uma raiz emocional essencial para o futuro. “Quando você mantém esses laços, conhece outras visões e carreiras, troca informações e pode abrir portas de emprego”, avalia. Para ele, os universitários também deveriam deixar contatos na própria instituição de ensino. Professores e funcionários podem servir como ponte entre os colegas.
Maria Júlia faz questão de lembrar que conservar amigos depende de investimento. Em qualquer etapa da vida. Portanto, se você pretende se manter próximo dos colegas de escola ou faculdade, arregace as mangas. “A dica é tirar proveito das novas tecnologias”, diz a especialista. Não faltam meios para mandar um alô para os colegas: sites de relacionamento, correios eletrônicos, torpedos no celular. Marcar encontros com a turma toda também pode ser uma boa dica. Mas ela aconselha: não perca a chance de fazer novos amigos. Quanto mais gente por perto, melhor.
“A ficha não caiu”
Dizer adeus ao ensino médio não está sendo fácil para os amigos Rafael Rezende, 17, Rafael Vellasco, 18, Gabriel Velasco, 18, Gustavo Henrique Fernandes, 17, e Marcos Ribeiro, 18. Acostumados à rotina do colégio, o Centro Educacional Sigma, a se encontrarem todos os dias e à bagunça cotidiana, eles já sentem saudades. Temem que a amizade de tantos anos se perca por aí. Gabriel, Rafael Velasco e Marcos estudaram juntos desde a 5ª série do ensino fundamental.
Os jovens contam que a turma inteira é muito unida. Os pequenos grupos de amigos viram uma coisa só em sala de aula. Um dos programas favoritos dos estudantes — e comum às sextas-feiras — é almoçar no shopping e assistir a uma sessão de cinema. Os cinco rapazes ainda mantém um jogo de futebol, pelo menos uma vez por mês. Para os meninos que cresceram juntos, a “ficha ainda não caiu”. “Acho que vai ser uma choradeira depois da formatura”, comenta Gabriel. Gustavo lembra que não só sentirá falta das pessoas como também da rotina da escola.
Para Marcelo, os últimos dias foram de tristeza. Aos poucos, ele está percebendo que as coisas mudarão a partir de agora. “Por mais que sejamos muito unidos, as pessoas vão se separar. Tanta gente que eu gosto e não vou mais ver”, lamenta. Rafael Rezende já imagina o futuro. Entrar na sala de aula da faculdade e não ver nenhum rosto conhecido vai ser penoso para ele. “Será nossa nova vida”, reconhece. O amigo Rafael Vellasco também se sente assustado com a proximidade da nova fase.
Mas Gabriel, otimista, acredita que os cinco não deixarão de ser amigos. “Melhores amigos não precisam se ver todos os dias para continuar como antes. Nós crescemos juntos”, atesta. Os jovens já prometeram, por exemplo, que manterão as peladas de futebol. E tentarão organizar churrascos e festas para reunir os colegas de sala, que dividiram tantas alegrias — como as feiras culturais e os passeios no shopping — e tristezas, como as broncas e as provas.
Laços rompidos
Mesmo em turmas diferentes, Jéssica Maia Lima, 17 anos, Gabriel Ramos, 19, Thamyra Araújo, 18, Tiago Carneiro Araújo, 17, Jefferson da Silva Couto, 18, se tornaram grandes amigos. Os estudantes do Centro de Ensino Médio Setor Leste aproveitam os intervalos, as brechas entre as aulas, as tardes e até os fins de semana para tentarem se encontrar. Nem sempre toda a turma consegue se reunir, mas a amizade permanece nos corredores da escola.
Para eles, os últimos dias de aula dividem momentos de alegria e angústia. Os estudantes, que estão concluindo o 3º ano, deixarão de vez o colégio. Aquela rotina cansativa de acordar cedo, pegar ônibus (a maioria vai de transporte público para a escola), assistir a cinco horas de aulas e fazer provas ficará no passado. Um verdadeiro motivo de comemoração . Mas a possibilidade de afastamento dos colegas não traz o mesmo sentimento.
Jefferson está certo de que sentirá falta da convivência diária com os colegas. Ele tem certeza também de que a amizade do grupo não será a mesma depois que deixarem o ensino médio. “É difícil porque cada um tomará seu caminho”, lamenta. O jovem, assim como os outros, também teme a incerteza do futuro. “É meio assustador pensar que a gente não terá mais que vir para a escola. Estamos indo para uma nova fase e não sabemos o que vai acontecer”, comenta.
Experiente em despedidas, Gabriel se sente preparado para a ruptura. O estudante já repetiu de ano e sentiu as dores de perder os amigos. “Mas fiz novos amigos e isso é legal”, indica. Ele acredita que é possível manter contato com os antigos. Basta ter vontade para isso. Amanda e Thamyra concordam com o colega. Para elas, amigos de verdade não deixam de se falar. Jéssica destaca: cada um precisa fazer a sua parte para não deixar a amizade morrer. Ela inventou até piquenique na última semana de aulas.
Os amigos confessam que, muitas vezes, a idéia de que entrarão para o mundo adulto os deixa mais assustados do que a possibilidade de perder os amigos. “Às vezes, sinto uma angústia porque estamos deixando de ser adolescentes para sermos adultos. Seremos responsáveis por nós mesmos”, reflete Tiago. Mas Thamyra termina a conversa de maneira enfática: “mudanças fazem parte da vida”.
Alegria X tristeza
A turma mais bagunceira do 3º ano do Centro Educacional Leonardo da Vinci da Asa Sul está dividida. A alegria de fechar com chave de ouro o ensino básica e o fim do hábito de acordar cedo e ir para a escola às 7h da manhã esbarra na tristeza de dizer adeus às conversas, à convivência com os colegas, às brincadeiras em sala de aula. Rafael Pompeu, 19, Marcela Baptista, 17, Renata Tosi, 18, Rebeca Guedes, 17, Danielle Finotti, 18, e Carla Queiroz, 18, que fazem parte da turma, sabem que uma nova vida está para começar.
qRafael deixará o colégio, os amigos, a capital. Ele fará curso superior em outro estado. “Isso tudo vai fazer falta”, analisa. Com a distância, ele já imagina que perderá contato com a maioria dos colegas que aprendeu a gostar. Mesmo com a internet facilitando as coisas, Rafael acha que, sem o contato diário, as pessoas não se esforçarão tanto para conversarem umas com as outras. Marcela já se prepara para correr atrás dos colegas. “Vou fazer tudo o que eu puder para não me distanciar deles”, garante.
Carla está muito feliz com o fim das aulas. Esperou muito pelo momento de ingressar na universidade. Apesar de já ter chorado bastante só de pensar na falta de convivência com os colegas, ela vê a transição naturalmente. “É bom começar uma nova etapa”, emenda Renata. Para Danielle, o mais importante será guardar tudo o que viveram em tantos anos como lembrança. De uma fase maravilhosa da vida. “Vamos conhecer novas pessoas e ter tanta coisa para fazer que não sofreremos tanto”, acredita.
Os colegas de classe defendem a idéia de que, se quiserem de verdade, conseguirão se manter amigos. Com a ajuda dos meios de comunicação e um pouquinho de boa vontade, poderão ver outros crescimentos e mudanças dos colegas.
Mantenha os amigos por perto
Em qualquer idade da vida, o ser humano precisa de amigos. São as relações sociais que dão suporte nos momentos de dificuldades e que ajudam a criar momentos de felicidade. Por isso, cultive suas amizades. Existem inúmeras possibilidades de mantê-las por perto. Experimente!
Organize uma lista com todos os contatos possíveis de seus colegas. Vale telefone, endereço e e-mail até dos pais e dos irmãos. Distribua a lista para todo mundo;
Inúmeros sites oferecem a possibilidade de se criar grupos de e-mails. É mais fácil manter contato pela internet e fazer com que os dados permanecem sempre atualizados;
Um excelente meio de manter as amizades é envolver a escola e/ou universidade no projeto de integração da turma. Professores e diretores são boas pontes de contato;
Não deixe passar muito tempo depois da formatura para agilizar um encontro da turma. É importante manter os vínculos para que as pessoas não se afastem demais;
É interessante definir uma data fixa para os encontros, tipo aniversário de formatura ou dia da profissão. Assim, as comemorações se tornarão rotina; O cara mais sociável da turma pode fazer as vezes de líder e servir de ponte entre os colegas. Mas não fique esperando iniciativas de braços cruzados. Faça contatos e tente organizar eventos você também;
Inevitavelmente, as pessoas vão mudar com o tempo e farão novas amizades. Mas não é preciso cortar vínculo por conta do afastamento.
Integre os amigos antigos e os atuais. Isso aumenta sua rede de contatos.
26/12 – Correio Braziliense
