UNIFAGOC
Professora faz balanço do resultado de uma pesquisa com alunos de Ciências Contábeis
Publicado em 05/07/2006
por Developer Unifagoc
Os alunos do primeiro período de Ciências Contábeis da Faculdade Ubaense Ozanam Coelho (Fagoc) realizaram, recentemente, uma pesquisa com os estudantes da Fagoc e constataram que a instituição família, ainda tem grande importância para os jovens. Foram analisadas as seguintes instituições: família, igreja, sindicatos, escola, empresa privada, forças armadas, entidades estudantis, imprensa/tv, partidos políticos, congresso nacional e polícia. A professora de Ciências Sociais, do curso de Ciências Contábeis da Fagoc, Karine Assis, concedeu uma entrevista sobre os resultados da pesquisa.
A pesquisa já havia sido realizada pela universidade de Brasília no ano de 1986. A imagem que as pessoas tinham da imprensa, já na época de 1986, indicava que 91% dos entrevistados não confiavam, ou confiavam pouco na imprensa. O cenário, em 2006, piorou, com cerca de 98% dos entrevistados afirmando que não confiam ou confiam pouco na imprensa. Qual a análise que você faria deste descrédito contínuo na imprensa?
KARINE ASSIS: A imprensa passou a divulgar assuntos que eram de seu interesse e manipulavam muito as opiniões. Com isso, meus alunos estão com um senso crítico mais apurado. Observam os canais, as reportagens, os jornalistas, a fala de cada entrevistado, pra ver se, realmente, condiz com a realidade. Eles estão mais críticos.
Quanto aos partidos políticos, na pesquisa anterior 54,5% dos entrevistados não confiavam; 38,2% confiavam pouco e apenas 4,6% confiavam muito. Na pesquisa atual, 90,91% não confiam de jeito nenhum nos partidos políticos, e nenhum dos pesquisados respondeu que confia muito; apenas 9,09% respondeu que confia pouco. Podemos deduzir que o descrédito nos partidos políticos aumentou ao longo do tempo. Em que medida a crise do “mensalão” pode ter aumentado essa percepção negativa dos partidos?
KARINE ASSIS: A crise do “mensalão” aumentou muito o descrédito das pessoas nos partidos políticos porque os partidos devem estar coerentes com a perspectiva de cada candidato. O candidato tem que entrar no partido que ele acredita. Hoje em dia eles trocam muito de partido. Devido ao “mensalão”, nós podemos perceber que o nosso presidente deixou, muitas vezes, perguntas serem passadas. A imprensa é importante porque ela transmite conhecimento rápido, devido à globalização. O “mensalão” foi um motivo sério para que os alunos desacreditassem nos partidos políticos, porque a pesquisa foi feita durante o auge dele.
O Poder Legislativo, um dos três poderes da República, já em 1986 era mal visto pelos universitários brasilienses. 40,5% dos entrevistados não confiavam no Congresso; 52,5% confiavam pouco e 4,6% confiavam muito. Na pesquisa da Fagoc, o percentual dos que não confiam no Congresso sobe para 81,82%; o dos que confiam pouco cai para 18,18%, e nenhum dos entrevistados respondeu que confia no Congresso. A lentidão na votação de matérias de interesse do País, a absolvição dos deputados “mensaleiros”, tudo isso pode ter influenciado o posicionamento dos pesquisados?
KARINE ASSIS: Com certeza. Principalmente porque quando foi feita uma entrevista em 1986, pelos alunos da UNB, foi constatada a confiança porque a situação política do País era outra. Nós estávamos saindo de um sonho das Diretas Já e, percebendo que o povo estava mudando a história. Hoje não. Vemos que os mensaleiros fizeram com que nós mudássemos a opinião. Os alunos todos da Fagoc estão mais conscientes, amadurecidos. Percebendo que não tem como você acreditar no poder que não consegue votar e defender a população com leis mais justas e responsáveis para com a sociedade.
Uma outra instituição, as Forças Armadas, na pesquisa anterior realizada um ano após o fim da ditadura militar, indica um grau de confiança de 12,2% dos pesquisados; 47,3% disseram confiar pouco na instituição, e 38,2% afirmaram não confiar. Na pesquisa recente, 15,91% disseram confiar muito nas Forças Armadas; sendo que 59,09% confiam pouco e 25% afirmaram não confiar. O número dos que confiam muito aumentou um pouco, e o número dos que afirmaram não confiar caiu quase 13 pontos percentuais. O que você pode afirmar sobre esses números?
KARINE ASSIS: Esses números mostram, devido à época que estávamos vivenciando, na ditadura militar, com o fim do governo Figueiredo. Iniciando o governo de Tancredo Neves, as Forças Armadas tinham um descrédito muito grande nessa época. Agora não. Estamos tão à mercê da violência, que os alunos perceberam que, uma instituição social, como as Forças Armadas, tem que estar inserida juntamente com todas as outras instituições, todos os outros grupos. E as Forças Armadas são importantes para dar essa segurança a eles. Hoje, nós estamos precisando muito de aumentar essa segurança à população.
A Igreja, na pesquisa anterior, teve um grau de confiança de 21,4% dos entrevistados; na pesquisa atual, o percentual de entrevistados que afirma confiar muito na Igreja sobe para 84,09%. O que poderia causar uma avaliação tão positiva da Igreja nos dias atuais?
KARINE ASSIS: Por estarmos numa cidade do interior de Minas Gerais, somos católicos muito praticantes, e quem não é católico, segue qualquer tipo de religião, com muita fidelidade. Acho importante nós respeitarmos qualquer religião. Realmente a Igreja proporciona um equilíbrio emocional e se você não consegue ter essa segurança que, venha da polícia ou do Governo, acaba se agarrando a Deus.
Na primeira pesquisa, 73,8% dos entrevistados afirmaram confiar muito na Família; na pesquisa posterior, esse percentual sobe para 84,09%. Várias reportagens veiculadas pela imprensa têm mostrado pessoas que, inclusive, já ultrapassaram a fase da adolescência, e continuam morando com os pais. Isso demonstraria uma dependência excessiva da família?
KARINE ASSIS: Não concordo que seja dependência excessiva da família. Concordo que a família tem uma força. Em 1986, ela já tinha essa força tanto que ficou em primeiro lugar como instituição. E, agora, ela continua em primeiro lugar. O ser humano não pode ser pleno se não pertencer a uma família equilibrada, que lhe proporciona crescimento.
A instituição escolar, na primeira pesquisa, apresentou um percentual de confiança de 18,1% dos entrevistados; este percentual subiu para 31,82% dos entrevistados na pesquisa posterior. Podemos inferir que a qualidade do ensino ministrado nas escolas melhorou?
KARINE ASSIS: Hoje temos diversos programas, capacitação de professores, cursos diversos, incentivo para que os professores continuem os estudos. A escola de 1986 para 2006 avançou muito. Os estudantes querem aprender. Têm objetivo de vida. Sem a educação não poderíamos mudar a situação do nosso País. Vamos mudar nosso País sendo cidadãos conscientes, votando certo, com senso crítico, capazes de eleger o presidente, prefeito, governador, o que for, com critério.
Sêmia Mauad – 7º período de Jornalismo
