Vôo do 14 Bis completa 100 anos

Publicado em 23/10/2006
por Developer Unifagoc

Na tarde do dia 23 de outubro de 1906, pela primeira vez, um aparelho mais pesado que o ar levantou vôo.

“A função das asas é elevar algo pesado ao lugar onde ficam os deuses. Mais do que qualquer outra parte do corpo, elas são de natureza divina”. Essas foram as palavras de Platão (428 – 347 a.C), filósofo grego, concluindo que todo indivíduo pode voar espiritualmente em pensamentos, sonhar com realizações para atingir a plenitude destinada apenas aos deuses.

Platão talvez não imaginasse que um dia o homem poderia sim voar, não só espiritualmente, como também em matéria, e que o “algo pesado” seria elevado às alturas através de uma das mais incríveis máquinas até hoje inventadas, o avião.

Na tarde do dia 23 de outubro de 1906, pela primeira vez, um aparelho mais pesado que ar levantava vôo (o momento foi registrado por uma companhia cinematográfica e demonstrado publicamente). O invento, que pesava 290 kg e se chamava 14 Bis, decolava em Bagatelle, na França. Surgia assim, a invenção que unia a audácia, a inteligência e a sabedoria de um homem que seria posteriormente, eternizado na história mundial como o inventor do avião, o brasileiro Santos-Dumont (1873-1932).

Mineiro, Alberto Santos-Dumont possuía um temperamento acíclico, que alternava entre crises de melancolia e intensa criatividade. Audaz, supersticioso e excêntrico, era comum vê-lo passeando pelas ruas parisienses em uma charrete presa a avestruzes. Apaixonado pela ciência, o homem de 1,52 metro de altura, herdou do pai, um engenheiro e fazendeiro de sucesso, o apreço pela física, química e matemática.

Estudou em Paris, leu bons livros, aprendeu sobre mecânica. Poliglota, falava português, francês, inglês e espanhol, conviveu e circulou entre a alta sociedade brasileira e parisiense. Interessava-se por balões a gás, sendo que com o balão n° 9 tornou-se conhecido na capital francesa, já que frequentemente, no céu, estava a bordo deste. Em 1931, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras pelo valor de sua obra, porém não tomou posse do cargo. Após uma crise nervosa, suicidou-se em 1932, no Hotel La Plage.

O ano de 2006, centenário do 14 Bis, foi instituído pela Lei Federal n° 11.262, de 30 de dezembro de 2005, como “Ano Nacional Santos-Dumont”. Alberto Santos-Dumont, infelizmente, não é considerado por todas as nações como o inventor do avião de fato. Os Estados Unidos consideram que os primeiros a voar formam os irmãos Wright, em 1903. Porém, não há registros concretos do acontecimento, e muitas informações foram provocadas pelo forte marketing americano e por motivações nacionalistas por parte da mídia.

Verdade seja dita, o brasileiro Santos-Dumont merece ser lembrado e glorificado pelo seu dinamismo, espírito inovador e pela sua coragem. Como diria Otto Lilienthal, aviador alemão, “inventar um avião não é nada. Construir um é alguma coisa. Voar é tudo”. E assim foi, Santos-Dumont

Albert Souza – 6° Período Jornalismo – Monitor ANF

Fonte:http://cyberfam.pucrs.br/index.php?option=com_content&task=view&id=133&Itemid=29
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